quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sindrome de Otelo - O ciume patológico

A síndrome de Otelo – Ciúme patológico

Otelo, o mouro de Veneza é personagem principal do romance do famoso britânico Willian Shakespeare, que conta a história de um homem que ama demais a esposa e que convencido de sua infidelidade, acaba a matando para logo após descobrir a inocência dela.

O conto de Shakespeare traça muitos paralelos com a nossa vida cotidiana. Nenhum relacionamento esta livre das desconfianças e das tentações que o mundo oferece, ainda mais nos dias de hoje que o apelo sexual esta em cada esquina. Porem existem pessoas que passam dos limites nas desconfianças e qualquer indicio, por mais absurdo que seja, é uma prova cabal da traição do parceiro. De fato, não são todos os relacionamentos que terminam em morte como o caso de Otelo, mas o crime passional, tem aumentado, vemos na TV vários casos de assassinatos ligados a términos de relacionamentos e traições.

Vamos falar um pouco do ciúme patológico, algo que movimenta grande parte dos casos de procura por terapia.

O ciúme patológico é definido como a persistente idéia de que o parceiro (a) possui outros relacionamentos, não importando qual seja a realidade da relação amorosa, pois a sensação é que a relação afetiva esta em constante ataque por parte de outras pessoas. Nesse sentido, a pessoa com ciúme patológico interpreta tudo no ambiente como uma prova da infidelidade do parceiro, já que a todo momento o sentimento é de que o relacionamento corre perigo.

Dizem que o ciúme é algo natural e esperado de qualquer relacionamento, afinal, quem gosta cuida e quer proteger o relacionamento e a pessoa amada. Não existe uma escala que nos diz quando o ciúme passa de “normal” para patológico, mas podemos perceber que o ciúme patológico causa intenso sofrimento para o casal, para o ciumento por que tudo vira uma prova clara da traição e para o parceiro que precisa se submeter a questionários, brigas, controles de todas as formas e todos os passos que dá e em alguns casos pode ter sua integridade física ameaçada.

A Síndrome de Otelo é diagnosticada quando existem sintomas e sinais específicos e em conjunto. Podemos dizer que as principais características dessa síndrome inclui: ter o controle do pessoa amada, checar contas de telefone, ler e-mails particulares, vasculhar bolsos, agendas, contas de cartão de crédito, contratar detetives, seguir a pessoa, telefonemas constantes, implicar com roupas que o outro use, implicar com amigos (as) e até mesmo parentes, não permitir que o parceiro saia desacompanhado, enfim… os exemplos são muitos.

É importante ressaltar que a pessoa que sofre do ciúme patológico fundamenta suas ações em distorções e falsas interpretações da realidade. Quando o ciúme ameaça a integridade do relacionamento e qualquer estimulo é interpretado como uma prova de traição, por mais irracional e absurdo que sejam os argumentos usados pelo ciumento, então é preciso ficar atento.

Quando existe agressão física e ameaças de diversas ordens, o relacionamento não tem mais chances de se tornar saudável sem a ajuda profissional de um terapeuta treinado para tal.

Quem se envolve com um ciumento patológico vive em constante ameaça, cobranças, brigas e precisa se justificar de tudo que faz a todo o momento. É um tipo de relacionamento penoso e desgastante, transtornos de ansiedade e depressão costumam se instalar na vitima do ciumento.

A vitima perde a identidade e a paz ( isso quando não perde a vida ), podemos citar o caso de Eloá Pimentel que foi mantida refém por 68 horas e morta por Lindenberg Alves em 2008, enfim, existem muitos exemplos do ciúme patológico que terminaram com a morte do ciumento ou da vitima do ciumento.

As terapias de abordagem comportamental ( Analise do Comportamento ) e Cognitivo Comportamental ( TCC ) são as mais indicadas possuindo estudos e pesquisas de alto grau de evidencia cientifica, atestando que de fato funcionam.

O ciúme patológico ou Síndrome de Otelo é um problema que existe há séculos e que afeta milhões de pessoas no mundo todo. É um problema tratável e com grandes possibilidades de melhora quando realizado por um profissional qualificado e devidamente treinado no manejo de situações de conflito causadas pelo ciúme patológico.

Aguardem os proximos textos sobre o tema.



6 comentários:

Daniel F. Gontijo disse...

Excelente texto, Marcelo. Fiquei me perguntando: a pessoa que sofre da síndrome de Otelo reconhece seu desajuste ou acredita que sua desconfiança é fundamentada?

Marcelo C. Souza disse...

Ola Daniel

Então, geralmente as pessoas que sofrem de ciume patológico não tem a percepção de um desajuste, já que em muitos casos, as fantasias beiram o delirio. São casos mais graves que quase sempre trazem comorbidades.

A Sindrome de Otelo pode ser diagnosticada mesmo quando existiu de fato uma traição do parceiro. O que é considerado não é se existe ou não uma traição, mas sim, as distorções nas interpretações de coisas bobas como ir a padaria comprar pão e delirios ( em muitos casos ) de que o parceiro esta traindo.

As fantasias criadas para dar um contexto e justificar os "indicios" são espetaculares as vezes.

Causa intenso sofrimento e sem duvida merece que os pesquisadores continuem estudando.

Eu ainda acho que é apenas mais um comportamento inadequado controlado por reforçamento negativo.

Mais pesquisas são necessarias.

abraços

Cristina Veríssimo disse...

Olá, Marcelo.
Muito bom seu texto sobre ciúme e, principalmente, a relação com o conto.
Seu blog tem textos excelentes, portanto resolvi seguí-lo, para poder acompanhar seus posts.
Eu meu blog falo sobre Gestal-terapia, se houver interesse:
http://gestaltemfigura.blogspot.com/

Um abraço!

Marcelo C. Souza disse...

Ola Cristina

Fiquei super feliz pelos seus elogios.
Espero que volte mais vezes.
Gostei bastante do seu blog. Eu não conheço muito sobre a gestalt terapia, mas devo aprender bastante com o seu blog.

Seja bem vinda.
Um grande abraço

Anônimo disse...

Olá Marcelo,
Gostei muito do seu blog, o texto sobre ciúme patológico relacionando com Otelo está bem claro.
Gostaria que você escrevesse sobre histeria, tô pesquisando a respeito... Quem sabe você me ajuda.

Bjs

Marcelo C. Souza disse...

Ola Prof. Tamiris.

Gostei da sua sugestão. Vou começar a pesquisar para escrever um texto sobre a Histeria dentro de uma visão analítico comportamental. O tema realmente é interessante.

Obrigado pela sugestão e pela visita ao meu blog.

Abraços