segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cognição Social na esquizofrenia : uma revisão de conceitos

Autores : Juana Teresa RODRÍGUEZ SOSA; Rafael TOURIÑO GONZÁLEZ

Archivos de Psiquiatría. 2010; 73:9 (12-noviembre-2010)


A cognição social se refere a como as pessoas pensam sobre elas mesmas e os outros. É um fato conhecido que a cognição social está deteriorada nos indivíduos com esquizofrenia. Recentes investigações sobre cognição social na esquizofenia têm mostrado uma relação entre a cognição social, a neurocognição e o funcionamento psicossocial. A cognição social poderia ser um importante objetivo no tratamento farmacológico e psicossocial. O propósito deste estudo é oferecer uma revisão da cognição social na esquizofrenia, apresentar alguns dos instrumentos válidos para avaliar a cognição social e revisar e melhorar os principais programas de intervenção.

Palavras Chave: Cognição social, Esquizofrenia, Teoria da Mente.

INTRODUÇÃO

Na década de 50 com o começo da psicofarmacologia a atenção da comunidade científica se focalizou inicialmente no controle da sintomatologia positiva da esquizofrenia. Posteriormente na ultimas décadas os estudos se detiveram nos sintomas negativos e na deterioração cognitiva atendendo ao funcionamento executivo, atenção e memória. O estudo da cognição social se inicia na década dos anos 90 quando de forma empírica se demonstrou que esta possui uma relevância funcional como variável mediadora entre a neurocognição e o nível de funcionamento social. Assim se desenvolveram novas intervenções centradas nos diferentes componentes que formam a cognição social (processamento emocional, percepção social, teoria da mente, esquemas sociais, conhecimento social e estilo atribucional). O critério kraepeliano que considerava a deterioração cognitiva como sintoma nuclear da esquizofrenia assim como a importância assinalada por Bleuler acerca dos sintomas deficitários na afetiviidade se renova nos últimos anos e levantam uma nova perspectiva dessa enfermidade.

O presente artigo tem como objetivo fazer uma revisão do conceito de cognição social e de seus componentes tentando estabelecer um enfoque integrador que explique a etiologia, evolução e aponte novas linhas de atuação em seu tratamento. Para isso realizou suas buscas nas principais bases de dados, Psycinfo, Medline, Pubmed.


O link para o texto completo se encontra em http://www.archivosdepsiquiatria.es/index.php?journal=adp&page=article&op=view&path%5B%5D=48&path%5B%5D=49

Vale muito a pena o artigo.

Creditos da tradução do resumo e introdução para Prof. Dra. Maria Christina Stroka ( christroka@terra.com.br )

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sindrome de Otelo - O ciume patológico

A síndrome de Otelo – Ciúme patológico

Otelo, o mouro de Veneza é personagem principal do romance do famoso britânico Willian Shakespeare, que conta a história de um homem que ama demais a esposa e que convencido de sua infidelidade, acaba a matando para logo após descobrir a inocência dela.

O conto de Shakespeare traça muitos paralelos com a nossa vida cotidiana. Nenhum relacionamento esta livre das desconfianças e das tentações que o mundo oferece, ainda mais nos dias de hoje que o apelo sexual esta em cada esquina. Porem existem pessoas que passam dos limites nas desconfianças e qualquer indicio, por mais absurdo que seja, é uma prova cabal da traição do parceiro. De fato, não são todos os relacionamentos que terminam em morte como o caso de Otelo, mas o crime passional, tem aumentado, vemos na TV vários casos de assassinatos ligados a términos de relacionamentos e traições.

Vamos falar um pouco do ciúme patológico, algo que movimenta grande parte dos casos de procura por terapia.

O ciúme patológico é definido como a persistente idéia de que o parceiro (a) possui outros relacionamentos, não importando qual seja a realidade da relação amorosa, pois a sensação é que a relação afetiva esta em constante ataque por parte de outras pessoas. Nesse sentido, a pessoa com ciúme patológico interpreta tudo no ambiente como uma prova da infidelidade do parceiro, já que a todo momento o sentimento é de que o relacionamento corre perigo.

Dizem que o ciúme é algo natural e esperado de qualquer relacionamento, afinal, quem gosta cuida e quer proteger o relacionamento e a pessoa amada. Não existe uma escala que nos diz quando o ciúme passa de “normal” para patológico, mas podemos perceber que o ciúme patológico causa intenso sofrimento para o casal, para o ciumento por que tudo vira uma prova clara da traição e para o parceiro que precisa se submeter a questionários, brigas, controles de todas as formas e todos os passos que dá e em alguns casos pode ter sua integridade física ameaçada.

A Síndrome de Otelo é diagnosticada quando existem sintomas e sinais específicos e em conjunto. Podemos dizer que as principais características dessa síndrome inclui: ter o controle do pessoa amada, checar contas de telefone, ler e-mails particulares, vasculhar bolsos, agendas, contas de cartão de crédito, contratar detetives, seguir a pessoa, telefonemas constantes, implicar com roupas que o outro use, implicar com amigos (as) e até mesmo parentes, não permitir que o parceiro saia desacompanhado, enfim… os exemplos são muitos.

É importante ressaltar que a pessoa que sofre do ciúme patológico fundamenta suas ações em distorções e falsas interpretações da realidade. Quando o ciúme ameaça a integridade do relacionamento e qualquer estimulo é interpretado como uma prova de traição, por mais irracional e absurdo que sejam os argumentos usados pelo ciumento, então é preciso ficar atento.

Quando existe agressão física e ameaças de diversas ordens, o relacionamento não tem mais chances de se tornar saudável sem a ajuda profissional de um terapeuta treinado para tal.

Quem se envolve com um ciumento patológico vive em constante ameaça, cobranças, brigas e precisa se justificar de tudo que faz a todo o momento. É um tipo de relacionamento penoso e desgastante, transtornos de ansiedade e depressão costumam se instalar na vitima do ciumento.

A vitima perde a identidade e a paz ( isso quando não perde a vida ), podemos citar o caso de Eloá Pimentel que foi mantida refém por 68 horas e morta por Lindenberg Alves em 2008, enfim, existem muitos exemplos do ciúme patológico que terminaram com a morte do ciumento ou da vitima do ciumento.

As terapias de abordagem comportamental ( Analise do Comportamento ) e Cognitivo Comportamental ( TCC ) são as mais indicadas possuindo estudos e pesquisas de alto grau de evidencia cientifica, atestando que de fato funcionam.

O ciúme patológico ou Síndrome de Otelo é um problema que existe há séculos e que afeta milhões de pessoas no mundo todo. É um problema tratável e com grandes possibilidades de melhora quando realizado por um profissional qualificado e devidamente treinado no manejo de situações de conflito causadas pelo ciúme patológico.

Aguardem os proximos textos sobre o tema.