terça-feira, 17 de novembro de 2009

Caso Rosangela - Round 2

Todos devem lembrar da Psicologa Rosangela, que foi processada pelo Conselho Federal de Psicologia, por supostamente tratar homosexuais que gostariam de reverter essa condição e se tornarem heterosexuais.

A psicóloga usava as definições de sexualidade egodistonica da propria Organização Mundial de Saude ( OMS ) para justificar a sua forma de atuação.
O caso promoveu um longo debate sobre os limites da psicologia em atender nesses moldes pacientes homosexuais, pois para o Conselho Federal de Psicologia, a homosexualidade não pode ser entendida como uma doença a ser tratada e sim como uma condição humana. É preciso trabalhar os próprios preconceitos do cliente para que ele mesmo aceite sua condição de homosexual ( condição essa que supostamente seria irreversivel ).

O Conselho Federal de Psicologia baixou resolução a anos atras que impede qualquer psicologo a tratar a homosexualidade como doença e portanto, qualquer um que trate ou tente reverter um homosexual ( mesmo com a vontade e aprovação dele) esta sujeito a processo ético que pode estabelecer punições como censura publica até cassação do registro profissional.

A psicóloga Rosangela, bateu o pé contra o CFP e disse que entendia que pacientes em sofrimento e que a procuravam poderiam sim mudar e que ninguem nascia homosexual. Portanto era uma condição passivel de ser "desaprendida".

Desde que o processo se instaurou contra ela, muitos psicologos e estudiosos se dividiram. Alguns entendem que é legitimo o trabalho de Rosangela e outros entendem que o que ela faz é uma violencia contra a "subjetividade" e contra a condição humana homosexual.

Nos ultimos dias, ela colocou nota em seu blog pessoal, dizendo que esta encerrando gradativamente suas atividades na clinica, pois esta sofrendo grande pressão politica do Conselho Federal de Psicologia e de orgãos Pró Homosexualidade. Alem disso esta sendo relatado que a própria esta sendo ameaçada de morte por militantes pró homosexualidade ( já devidamente registrados e comunicados a autoridade policial ).
O fator decisivo é que desde que o processo começou, ninguem mais a tem procurado como cliente, pois as pessoas tem medo de serem expostas. Minando financeiramente a psicologa, fica impossivel que ela continue atendendo.

O assunto é realmente muito polemico e creio que não vão chegar a um consenso, pois a psicologia não pode dizer a um cliente homosexual em sofrimento que não pode fazer nada quanto ao caso dele, pois é impedido politicamente, mas tambem não pode dizer que pode atende-lo em sua demanda de querer mudar sua condição homosexual.

Creio que o problema não esta na homosexualidade e sim nas contingências incrivelmente aversivas que os homosexuais são expostos.

Mas esse é assunto pra outro post.

Fonte : http://e-paulopes.blogspot.com/2009/11/psicologa-desiste-de-atender-quem-quer.html

sábado, 14 de novembro de 2009

Controle coercitivo e diluição de punição


http://www.zappinternet.com/video/munPsaWroW/El-ser-humano-es-impredecible


A situação exposta no vídeo demonstra alguns aspectos interessantes. Sidman, M. ( 1989 ) já falava dos efeitos do controle coercitivo e das propriedades e leis que regem os processos de punição positiva e negativa.

No vídeo vemos uma situação de uma festa Rave , provavelmente na Europa. Algumas pessoas sentadas, descansando ou conversando enquanto a musica estava tocando. Nesse cenário, um elemento esta destoando. Um rapaz esta dançando sozinho de forma alucinada o que de fato provoca uma resposta imediata do publico presente, pois muitos estão olhando ,dando risada e fazendo piadinhas.


O rapaz parece nem ligar para os olhares e piadas alheias e continua com sua dança esquisita sozinho. Em determinado momento, outro rapaz se aproxima do dançarino alucinado e começa a dançar com ele, provavelmente para tirar um sarro. O publico que observa tudo continua dando risadas. Em um segundo aparece mais um rapaz pra dançar e as piadas e risadas continuam acontecendo.

O que acontece a seguir é um fenômeno muito interessante. De repente um grupo de pessoas se aproxima, e gradativamente um grupo muito maior começa a aderir e quando percebemos apenas um individuo conseguiu fazer dezenas de pessoas dançarem com ele.


O fenômeno observado pode ser explicado comportamentalmente. O ambiente era altamente coercitivo para apenas uma pessoa se expor, aparentemente muitas pessoas estavam com vontade de estar ali dançando, mas sabiam que poderiam ser punidas por tomar a frente ou se expor aos olhos de um publico que estava sentado e conversando.

Quando observaram o primeiro rapaz dançando alucinadamente sozinho, expuseram de forma clara o controle coercitivo que estava latente no ambiente fazendo as piadas e apontando os dedos dando risada. Quanto um segundo rapaz aderiu à dança, depois o terceiro, o quarto e um grupo pequeno começaram a dançar com o rapaz, esse controle coercitivo foi diluído.


Esse efeito é muito observado em grupos, geralmente todos ficam esperando um primeiro individuo emitir uma resposta especifica com alta probabilidade de punição para ver o que acontece. Quando o rapaz emitiu a resposta de dançar e o risco de punição foi reduzido, outras pessoas aderiram e com uma progressão geométrica, o que era apenas um rapaz acabou se tornando um grande grupo dançante sem medo de punição, já que o controle coercitivo em cima de uma pessoa é forte o bastante para impedir que o grupo o siga, mas uma grande quantidade de indivíduos emitindo uma resposta ( que a principio tem alta probabilidade de punição) reduz drasticamente a possibilidade de punição.

A diminuição de punição explica muitos fenômenos grupais, muitas vezes vemos algo semelhante em torcidas de futebol ou em manifestações sociais. A torcida esta calma, mas basta um começar a inflamar ânimos e de repente toda uma torcida esta lutando, ou então a noção que uma pessoa sozinha protestando é uma agitadora e louca, mas um grupo de pessoas agitadoras e loucas protestando vira manifestação social.

No caso do vídeo, as mesmas pessoas que estavam fazendo piadinhas e rindo do garoto dançando sozinho, foram as mesmas que estavam dançando junto quanto todo um grupo apareceu pra seguir o rapaz dançante.

Algo a ser considerado é o controle verbal que estava acontecendo na hora. O refrão da musica dizia “I got to be unstoppable” ( eu preciso ser imparavel ), e vemos que justamente nas partes do refrão que mais e mais pessoas entravam na brincadeira.


O controle verbal parece ser de fato muito forte quando vemos que a grande maioria do publico adere ao rapaz inicialmente sozinho quando o refrão é cantado, e realmente uma frase de peso como “Eu preciso ser imparavel” exerce um controle muito forte. O rapaz que esta filmando continua cantando o refrão, mesmo depois que a musica acabou. Isso reforça mais ainda que o controle verbal de fato influenciou.

Começa tudo com um tempo (T) grande, com o rapaz dançando sozinho, no primeiro refrão aparece mais um fazendo T/2, outro rapaz em T/4, ai a progressão fica mais visível, em T/8 aparece um grupo de algumas pessoas e em T/16 começa a vir um grupo maior e em T/32 começa a chegar um verdadeiro batalhão de pessoas, terminando com um grande grupo.


O que deixa a progressão com mais força é que todas as pessoas ali presentes são sensíveis ao controle verbal especifico que no caso era a musica eletrônica. Isso potencializou o refrão e a posterior adesão de mais dançarinos ao grupo. Vemos que o comportamento de dançar acaba passando de passível a punição para socialmente reforçado, já que a coesão do grupo dançante precisava ser mantida.


Nesse momento, ficar deitado no chão conversando ou rindo não era mais uma opção, pois o risco de ser pisoteado aumentou muito, enquanto o risco de ser punido por dançar diminuiu muito.


Também é de se considerar, que muitos dançarinos do grupo fossem parados no exame anti dopping. Alterando a sensibilidade a contingencia e diluindo mais ainda a sensibilidade a um estimulo punitivo que tem probabilidade de consequenciar o ato de dançar.