quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Sindrome do Panico


Imaginem Rodrigo*, uma vida normal, estuda, trabalha na bolsa de valores de SP. Um dia estava na academia levantando pesos e sentiu uma enorme vontade de sair correndo, seu coração estava disparado e sentia falta de ar, uma angustia enorme e um grande medo de algo que nem ele mesmo sabia. Ficou desesperado pois imaginou que iria ter um ataque Cardiaco. Correu ao hospital e nada foi encontrado nos exames, em poucos minutos Rodrigo estava bem de novo sem entender o que tinha acontecido. (* Nome Aleatorio )

Relatos assim não são incomuns para os psicólogos e psiquiatras. Definida como , Sindrome do Panico, teve uma maior divulgação na decada de 90. Por ter sido mais estudada em todos os seus aspectos, entendemos muito mais suas formas de manifestação alem de uma maior pesquisa na efetividade de tratamentos, seja medicamentoso ou Psicoterapico.

O transtorno do Panico é diferente de outras formas de transtornos de Ansiedade existentes. Os sintomas são como uma preparação Biológica para fugir de uma ameaça inimente de perigo. Se sabe que a Sindrome do Panico é uma ativação dos sistemas de defesa do organismo aparentemente sem nenhuma causa ( embora tenha, mas muitas vezes a pessoa não consegue entende-la ). Essas causas são Bio-psiquicas, ou seja, possuem fundo psicológico e de problemas relacionados a sinapses dos neuro-transmissores.

Se caracteriza por :

  • Contração / tensão muscular, rijeza
  • Palpitações / taquicardia (o coração dispara)
  • Tontura, atordoamento, náusea
  • Dificuldade de respirar ou respiração muito rapida ( Hiperventilação )
  • Calafrios ou ondas de calor, sudorese
  • Confusão, pensamento rápido
  • Medo de perder o controle, fazer algo embaraçoso
  • Medo de morrer
  • Vertigens ou sensação de debilidade
  • Terror - sensação de que algo inimaginavelmente horrível está prestes aacontecer e de que se está impotente para evitar tal acontecimento
  • Sensação de "estar sonhando" ou distorções de percepção da realidade

Existem diversos subtipos de Sindrome do Panico, em algumas pessoas aparece a forma “pura” sem outros sintomas, mas existem pessoas que apresentam Sindrome do Panico com Agorafobia ( Fobia de Lugares Publicos ou situações onde ficaria muito dificil de fugir caso aconteça um ataque de panico ). Pessoas com Sindrome do Panico com Agorafobia são aquelas que se trancam em casa. Esse subtipo é o mais comum.

O tratamento da Sindrome do Panico sempre é realizado pelo Psicologo e pelo psiquiatra, pois o tratamento envolve medicação. Isso é, medicação que atua diretamente nos processos de ansiedade. Porem a medicação por sí só não é eficiente, sendo necessária a atuação psicoterápica para procedimentos de enfrentamento e controle das crises.

Existem diversos estudos que mostram que a junção do tratamento Psicologico e Psiquiatrico é muito mais eficiente do que tratamentos ou só psicologicos ou só psiquiatricos. Por isso é necessaria a integração dos profissionais da Saude, sempre visando o melhor para o seu cliente.

As Psicoterapias Comportamentais e Cognitivo Comportamentais são as mais eficientes e sempre indicadas para tratamento de Transtornos de Ansiedade como a Sindrome do Panico.

Atenção :

Se conhecerem alguem que possua comportamentos condizentes com a Sindrome do Panico é sempre muito importante procurar um psicologo qualificado ou um medico para averiguar a possibilidade de Panico e começar o tratamento mais efetivo para aquela pessoa.

Sindrome do Panico é uma doença, não é loucura e não é falta de vergonha como muito se pregou no passado. Hoje sabemos que é uma doença que causa intenso sofrimento e deve ser tratada o mais rapido possivel para que a pessoa recupere sua alegria de viver sem estar sempre ansiosa e com medo de ter outro ataque.

Marcelo C. Souza
Psicólogo

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Depressão



Todos nós já ouvimos falar pelo menos uma vez na vida sobre a depressão. Mas afinal, o que é a depressão ?
Depressão é uma doença multi sintomática. Possui implicações neuro-quimicas e psicológicas intensas. Para a Analise do Comportamento, a depressão se instala quando um individuo perde seus reforçadores que outrora eram sempre disponiveis. Para Freud, a depressão aparece quando um acontecimento real ou imaginario faz com que a pessoa não perceba a perda vivida e confunda com a perda do próprio ego.

Independente das linhas teóricas que a tentam definir, a depressão é uma doença que paraliza o individuo, causando inumeros transtornos. Possui caracteristicas como apatia, irritabilidade, queda na libido, falta de apetite, insonia ou sono excessivo, choro, falta de prazer para atividades que antes lhe agradavam entre outras. É muito importante salientar que a Depressão não é falta de força de vontade e é uma doença séria que pode levar a morte. Ela alem de ter implicações psicologicas e sociais fortissimas ainda possui fundo neuro quimico, as pessoas simplesmente não tem controle sobre seus atos e sentimentos quando o desequilibrio quimico e psicologico é intenso. Mais de 60% dos suicídios são atribuíveis a depressão. A maioria das pessoas deprimidas não procura tratamento médico e, das que procuram, apenas metade são diagnosticadas como tal.

O médico Gil Serra Regalino lembra que a maior parte das pessoas que apresentam quadro de depressão sequer tem noção da doença. “Problemas mal resolvidos vão se acumulando e causando uma pressão interior tão grande, um grau de insatisfação e frustração tão intenso, que a pessoa não enxerga mais a ‘luz no fim do túnel’. Muitas vezes não enxerga nem o próprio túnel, ou seja, o ambiente que está causando aquele estado emocional depressivo”.

Existem diversos tipos de depressão como a Depressão Maior, Depressão Bipolar, Distimia, Depressão Reativa, etc...

A depressão é tratavel quando bem diagnosticada por um psicologo ou um psiquiatra competente e qualificado para tal. Muitas vezes a depressão não é uma causa e sim um sintoma de outra doença como o Hipotiroidismo. É necessario um bom profissional para o diagnóstico.O tratamento é feito pelo Psicologo e pelo Psiquiatra com antidepressivos se necessário. A psicoterapia é extremamente eficiente nos casos de depressão, principalmente as abordagens Comportamentais ou Comportamentais cognitivas. A medicação nem sempre é necessária, porem cada caso é um caso e somente um Medico Psiquiatra pode receitar medicamentos.

Na duvida, se tiver um amigo ou um parente com algum dos sintomas caracteristicos da Depressão é sempre importante tentar fazer a pessoa procurar um psicologo ou psiquiatra qualificado para que se verifique a possibilidade de uma depressão e com isso poder começar o tratamento mais adequado o mais rapido possivel.

Marcelo C. Souza
Psicólogo

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Crianças birrentas - O que fazer ?


http://br.youtube.com/watch?v=ZjZrx0ZOKRs


Uma duvida muito frequente que aparece nos consultórios de psicologia e de educadores é relativa ao comportamento de birra. Hoje em dia vemos que as crianças aprenderam a conseguir tudo que o seu desejo quer atravéz de uma tatica manipulatória muito interessante. Usam uma habilidade incrivel de constranger os pais através de gritos, choro intenso ou mesmo comportamentos auto lesivos.
Os pais por sua vez por não aguentarem a cena do filho gritando e se debatendo em um ambiente publico acabam reforçando o comportamento de birra. A criança é condicionada, ou seja, a criança aprende que toda vez que se comportar de força birrenta vai ganhar o que quer. Isso acaba fortalecendo ainda mais o comportamento problema.
Os mecanismos que fazem a birra dar certo muitas vezes são sociais, pois os pais ficam muito constrangidos com o comportamento da criança e sentem que estão sendo julgados como pessimos pais pelas outras pessoas. Para acabar com a cena rapidamente, geralmente os pais acabam fazendo a vontade da criança criando um circulo vicioso , pois a consequência do comportamento da criança é sempre positivo e reforçador. Por outro lado tambem existe a dificuldade dos pais em lidar com o "sofrimento" do filho naquele momento pois acabam não suportando o choro do filho e não conseguem lidar com a situação.

O video nos mostra uma criança com comportamento altamente birrento e manipulador que a todo momento tenta chamar a atenção dos pais para aquilo que deseja no momento. Os pais da criança do Video parecem estar utilizando uma técnica comportamental muito eficiente chamada Extinção de respostas, onde a criança pode chorar a vontade que o comportamento de birra nao vai ser reforçado de forma nenhuma. Com esse procedimento se espera que a criança perceba que o seu comportamento birrento não vai ser consequênciado positivamente ou seja, mesmo que ela chore por horas a consequência reforçadora não vai ser apresentada levando o comportamento de birra a extinção.
O problema dessa técnica é que por definição quando tentamos extinguir um comportamento, a frequência de resposta desse mesmo comportamento vai sofrer um imenso aumento pois a criança vai tentar alcançar a consequência reforçadora e portanto vai aumentar a intensidade dos seus esforços.
No video percebemos claramente que a criança quando começa a entender que ninguem esta dando bola para a birra, ela varia o comportamento. Ela segue os pais e quando os ve cai no chão e retoma toda a série de comportamentos que outrora eram consequênciados positivamente.
Pelo video percebemos que o comportamento birrento é especialmente dificil de se extinguir e especificamente nessa criança, a birra é resistente a extinção. Pois provavelmente, ela foi reforçada de forma intermitente e intensa.
É preciso um treino com os pais para que a técnica seja aplicada com sucesso, pois muitas vezes os pais não conseguem ir até o fim por não suportarem o "sofrimento" do filho e acabam reforçando o comportamento depois de algum tempo. Isso é terrivel pois o esquema de reforço intermitente fortalece o comportamento problema enormemente, ficando cada vez mais dificil a extinção.
Em todo caso é muito interessante sempre consultar um Psicologo competente e qualificado para que todas as duvidas sejam dirimidas. Afinal, criar um filho é uma tarefa ardua. Mas que sempre é altamente recompensadora.

Marcelo C. Souza
Psicólogo

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Avaliação Psicológica

Muito se fala sobre a avaliação psicológica, mas o que vem a ser a avaliação ? Por que ela é importante ? A avaliação comportamental é o primeiro passo para a psicoterapia. É atravez dela que podemos definir o começo do planejamento de tratamento e começar a pensar em hipoteses diagnosticas. Desde o primeiro momento que o cliente entra em contato com o terapeuta , já esta falando sobre si mesmo e portanto é passivel de observação direta do terapeuta para colher informações.

Em uma definição mais ampla a analise comportamental consiste em estabelecer as relações entre as variaveis que mantem um comportamento alvo. A avaliação é base para a analise funcional e posterior aplicação de técnicas ( quando necessárias). Começa desde a primeira entrevista e é um continuo dentro da terapia comportamental. O metodo investigativo é feito atraves de entrevistas com o proprio cliente ou com terceiros como pais, irmaõs ou responsaveis, perguntas abertas, fechadas ou semi abertas. Alem disso pode se utilizar testes psicologicos e escalas padronizadas de medição e enquadramento de sintomas como o DSM ou CID.

A avaliação comportamental é importantissima dentro do contexto terapeutico pois é atravéz dela que podemos definir as ferramentas que o cliente possui para lidar com os problemas que o aflingem e em que ponto as contingencias estão sendo prejudiciais. É preciso muito tato e muito cuidado com o diagnostico psiquiatrico, muitas vezes exigido, principalmente pelos convenios medicos pois a função do diagnostico nao é estigmatizar o cliente e sim dar parametros aos profissionais que entendam e possam com isso lidar com os comportamentos alvo. Ressalto ainda que é a partir das hipoteses diagnósticas que o terapêuta baseia seu raciocinio clinico e testa através das suas perguntas e intervenções a validade dessas mesmas hipóteses.

Enfim, a avaliação psicológica é o marco para onde começa a psicoterapia e é o inicio do conhecimento do cliente buscando informações na sua historia de vida, contingências atuais que sustentam suas respostas e tudo aquilo que é definido pelo cliente como comportamentos problema.

Marcelo C. Souza
Psicologo

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Modelação - Children see, Children do

http://www.youtube.com/watch?v=CWUtywfwsMw

"... Quer exista ou não algo como imitação nao aprendida ou inata, uma coisa é certa: A imitação pode ser ensinada. Usando-se os procedimentos de condicionamento - tornando o reforço contingente à repetição do ato do outro - um organismo pode ser levado a imitar" ( Keller e Schoenfeld, 1950/1973, pag 378).
Imitação é um processo de aprendizagem pelo qual os individuos aprendem comportamentos novos ou modificam antigos por meio da observação de um modelo. Isso ocorre porque existe a probabilidade das pessoas serem reforçadas pelas mesmas consequências que reforçam o comportamento do modelo ( Keller e schoenfeld 1950/1973 : Bandura, 1969/1979; Malott, 1971/1981; Striefel, 1975; Mikulas 1977; Skinner 1989/1991; Baum 1994/1999; Catania 1998/1999).

Tanto a Imitação quanto a modelagem permitem ao individuo adquirir novos comportamentos. Mas por lógica a imitação é um comportamento aprendido através da observação de um modelo enquanto que na modelagem o comportamento é aprendido através de aproximação sucessiva se reforçando diferencialmente cada resposta que pertence a mesma classe para que se chegue no comportamento final desejado.

A historia mostra que os procedimentos de modelação e modelagem nos fizeram continuar nesse planeta. Afinal, toda vez que vemos como nossos pais fazem uma determinada tarefa e são bem sucedidos, tendemos a tentar imitar esse mesmo comportamento para que sejamos reforçados como os modelos são. Filogenéticamente isso foi muito importante. Observando os mais velhos caçando conseguimos sobreviver por muitos seculos e as técnicas de sobrevivencia são passadas de geração em geração. A natureza utiliza muito o processo de imitação, só observarmos um animal selvagem. Logo após seu nascimento em pouco tempo já esta observando os pais nas caçadas e aprende por observação como deve se fazer e repete.

Mas se os processos de Imitação e modelagem são tão importantes para a sobrevivencia humana, então porque o video Children see, Children Do nos chama tanto a atenção ?
A imitação do modelo pode ser perigosa tambem, pois o mesmo nem sempre é adequada dentro de certos limites culturais e sociais. Mesmo lembrando da pluralidade da espécie humana, os modelos são escolhidos dentro da cultura vigente do local onde está inserida e mais do que isso, qual é o papel reforçador de se imitar um modelo ?

Sabemos que uma criança imita seus pais e se sentem poderosas com isso, porêm será que os pais entendem que são modelos aos seus filhos ? Será que os pais entendem que certos comportamentos são passados de forma quase que inevitavel ?
Claro que existe uma grande diferença em ser um modelo para uma criança que ainda está desenvolvendo seu repertório comportamental e ser um modelo para um homem adulto.
O video é um alerta que não se pode ignorar, precisamos rever urgentemente os nossos conceitos e começarmos a pensar no que estamos fazendo com nossas crianças.

A luz do Beraviorismo Radical, o que podemos fazer ?? Não apenas nos mantendo nos consultorios, mas partindo pra politicas publicas, sociais, trabalhos socio-educativos etc...
Quando estava pensando nisso ouvi muitas pessoas, algumas da área da Psicologia e outras não e elas diziam que não devemos pensar, devemos fazer, colocar a mão na massa. De pensadores o mundo está cheio.

Mas ai comecei a pensar em outra questao. Ir e fazer é uma resposta óbvia, mas pergunto, fazer o quê ? Com que estratégia ? Quais parametros utilizar ? O que ja se tem de estudos nessa área ?Ir e fazer como ? Ir a viadutos e dar bebida e comida para moradores de rua ? É uma coisa boa ?

Bom, ja temos estudos que afirmam que ao fazer isso apenas reforçamos a vontade dessas pessoas em continuar na rua, portanto não resolvemos o problema apenas reforçando uma comportamento que gostariamos de extinguir. Pode se demorar a voltar com a comida, mas sempre se volta. E sabemos que o Reforço Intermitente é especialmente muito dificil de ser extinto.

O quê nao tira a bondade do ato, mas tal qual uma criança que nunca é frustrada, no futuro teremos problemas, pois ela esta sendo reforçada em algo que nao vai lhe ajudar .A questao nao é o quê fazer, mas como fazer.Nesse sentido devemos pensar de forma mais ampla, entendendo os mecanismos sociais que regulam a nossa sociedade e como podemos entender os reforçadores e punidores que à mantem da forma que está e como podemos extinguir os repertorios nao adaptativos.

Eu imagino que nem podemos falar em extinção ja que por definição ao se utilizar dela a frequência de comportamentos que se quer extinguir aumenta enormemente podendo levar ao situações até de perigo pois estamos falando da area social. O que estamos fazendo especificamente para mudarmos o mundo ???

O quê estou tentando dizer é : O quê devemos fazer, como devemos fazer e quais politicas adotar para que a sociedade mude seus valores e fique sobre controle de outros estimulos que visam o potencial humano e a saude.
Entendi quando é dito que que é preciso atitude. Mas por expêriencia vejo que atitude por si só pode ser perigosa, pois podemos estar sob controle de outras variaveis que não seriam eficientes para a resolução do problema, mas com topografias diferentes que mantenham o problema, mesmo que na forma pareça que estamos tentando resolve-lo.
A pergunta final, que na verdade já foi repetido inumeras vezes dentro desse texto é : O que estamos fazendo com as nossas crianças ?

Marcelo C. Souza
Psicólogo