quinta-feira, 20 de junho de 2013

As habilidades necessárias para um psicólogo - Parte I - A Comunicação

Este é o primeiro texto de uma série de pequenos artigos sobre as habilidades necessárias a um psicólogo para que ele exerça sua profissão de maneira adequada. Vou comentar sobre as habilidades que considero mais importantes.

Decidi começar pela habilidade de se comunicar porque falar e ouvir são as principais ferramentas de trabalho do psicólogo. É por meio da comunicação que o profissional avalia as dificuldades do cliente e é por meio da comunicação que intervém nessas dificuldades (interpretando, sugerindo, questionando, etc). Além da importância na atividade profissional em si, as habilidades de comunicação são o cartão de visitas do psicólogo: são a única base que potenciais clientes têm para avalar a qualidade do profissional.

“Comunicar-se” é, na verdade, um conjunto de habilidades. Dentro desse conjunto, pretendo discutir a capacidade de utilizar o português correto na fala e na escrita, de se expressar de forma amigável, de adaptar a linguagem ao público, de manter uma postura não-verbal coerente com a fala, e de ouvir atenta e criticamente (esta habilidade será tratada no segundo texto desta série).

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Documento oficial Secretária de Estado da Saude.

COMUNICADO OFICIAL DA COORDENAÇÃO E DA EQUIPE TÉCNICA DO CRIA-UNIFESP DIANTE DO ENCERRAMENTO DE SUAS ATIVIDADES



O nosso objetivo é partilhar a indignação diante de grave acontecimento decorrente de uma tendência que vem prevalecendo no sistema estadual de saúde.

O governo de SP, através da Secretaria Estadual de Saúde (SES), assumiu, oficialmente, que serviços de base psicanalítica não contam com eficácia comprovada. Nesse contexto, propõe encerrar o apoio financeiro que há mais de dez anos confere ao Centro de Referência da Infância e Adolescência - CRIA.

O CRIA foi inaugurado em 2002, por um convênio entre a UNIFESP e a SES, com a interveniência da SPDM. É uma instituição que realiza cerca de 1200 atendimentos mensais de bebês, crianças, adolescentes e seus familiares através de uma equipe interdisciplinar que garante uma visão e assistência global aos pacientes.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Carta de repudio ao programa Saia Justa da GNT


Prezados,



O programa “Saia Justa”, veiculado pela GNT, exibiu uma matéria intitulada New Behaviorismo, na qual foram exibidas cenas do filme Laranja Mecânica, que, segundo a apresentadora, representa uma crítica às teorias do psicólogo americano B. F. Skinner. Ela explica:

 "Em 'A Laranja Mecânica', o personagem do criminoso Alex é submetido a uma terapia sádica de modificação do comportamento. O clássico, do diretor Stanley Kubrick, é baseado no romance homônimo de Anthony Burgess, publicado há 50 anos, e a referência à terapia era uma crítica às teorias deste psicólogo: B. F. Skinner. Ele era defensor de um Behaviorismo Radical, denunciado na época como autoritário. Uma tentativa de controlar o comportamento da população. Mas, meio século depois, é a população que está tentando se controlar. A Tecnologia inspirou um tipo de Behaviorismo da autoajuda. Graças aos Smarthphones e Tablets. Nós, agora, temos à disposição, aplicativos para modificar comportamentos e viver melhor...” (continua no vídeo)*.

Em uma movimentação coletiva, os analistas do comportamento brasileiros estão contatando a produção do programa através de seu formulário próprio de contato e expressando indignação pela leviandade com que a abordagem foi tratada. Várias pessoas, sites se páginas no facebook já estão participando. Se você também se sentiu indignado, faça sua parte e entre em contato solicitando uma retratação.

O Behaviorismo já é uma abordagem cercada de mitos e equívocos, e falas como as da apresentadora do programa, veiculado em rede nacional em emissora com grande alcance na população em geral, podem ter como efeito uma rejeição ainda maior às teorias behavioristas.

O formulário de contato está disponível neste link:
 *O vídeo não foi “linkado” para evitar que ganhe posições no ranking do Google e apareça nas primeiras páginas na busca por “Behaviorismo”. No entanto, pode ser encontrado com as palavras chave “New Behaviorismo GNT”, no Google.

Com vistas a sanar possíveis dúvidas geradas pelo vídeo, gostaríamos de comentar alguns das falas da apresentadora do programa. A primeira:
"Em 'A Laranja Mecânica', o personagem do criminoso Alex é submetido a uma terapia sádica de modificação do comportamento (...) e a referência à terapia era uma crítica às teorias deste psicólogo: B. F. Skinner (...) denunciado na época como autoritário”.

Em primeiro lugar, o filme mostra a aplicação de técnicas baseadas no Paradigma Respondente, descoberto pelo fisiologista russo Ivan P. Pavlov. O Paradigma Respondente propõe que quando um estímulo qualquer que gera um comportamento específico é apresentado repetidas vezes temporalmente próximo a outro estímulo qualquer que não gera aquele comportamento, ocorre um processo chamado “Pareamento”, no qual este segundo estímulo passa a gerar o mesmo comportamento que o primeiro gera.

A Terapia de Modificação do Comportamento, por outro lado, é baseada no Paradigma Operante, sistematizado pelo psicólogo americano B. F. Skinner. O Paradigma Operante propõe que o comportamento de um organismo gera mudanças no ambiente, e que estas mudanças aumentam ou diminuem a probabilidade do comportamento que as gerou voltar a ocorrer. Quando elas aumentam a probabilidade deste comportamento, são chamadas de Reforçadoras.  Quando diminuem, são chamadas de punidoras. Este é o primeiro equívoco deste trecho. A apresentadora mistura os dois paradigmas em um só e atribui a Skinner um processo cujo responsável pela descoberta foi Ivan P. Pavlov.

O segundo equívoco reside na sugestão de que as idéias e Skinner pregavam o uso de controle aversivo para a mudança de comportamento. Quem já teve o mínimo contato com a obra do autor sabe que se trata de uma inverdade. Skinner era claro quanto à sua posição: “Você não pode em última instância, impor coisa alguma. Nós não usamos a força!” (Skinner, em 1948) [grifo nosso].

A segunda fala da autora que merece ser comentada é:
“Ele era defensor de um Behaviorismo Radical, denunciado na época como autoritário.”
“Behaviorismo Radical” é o nome da filosofia da ciência fundada por B. F. Skinner e, a expressão “Radical”, pode ser interpretada de várias formas.  A primeira delas, e mais comum, é aquela que entende “Radical” como “ir à raiz do problema”, ou, em outros termos, buscar as verdadeiras causas do sofrimento do cliente. A segunda delas, também bastante usual, é aquela que entende a expressão como “rompimento radical com as outras teorias psicológicas”, no sentido de que as explicações behavioristas para o comportamento humano diferem diametralmente daquelas oferecidas pelas demais teorias.  Uma discussão mais detalhada sobre o assunto pode ser encontrada no livro “Sobre O Behaviorismo” (1974), escrito pelo próprio Skinner e publicado no Brasil pela editora Cultrix.

A despeito do exposto, a fala da apresentadora dá a entender que a expressão “Radical”, da expressão “Behaviorismo Radical”, significa algo como “exagerado”, que seguido da frase “denunciado na época como autoritário”, reforça a idéia de um psicólogo que pregava o uso de técnicas aversivas na terapia.  Esta idéia já foi discutida aqui e cremos não carecer adentrar mais o assunto. Em todo caso, maiores informações sobre o tema podem ser obtidas na obra do próprio autor, nos capítulos 11 e 12 do livro Ciência e Comportamento Humano (1979), publicado no Brasil pela Editora Fontes Ltda.

Equipe Comporte-se e Comportamento e Ciência.

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Marcelo C. Souza
Psicólogo (crp 06/76621)
Analista do Comportamento
(11)97601-8162
marcelo@comportese.com

quinta-feira, 19 de julho de 2012

domingo, 20 de maio de 2012

Nota da Comissão de Orientação e Fiscalização sobre divulgação de serviços em sites de compras coletivas


A crescente proliferação de sites de compras coletivas tem contribuído com o aumento no número de denúncias direcionadas ao Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) relacionadas à divulgação de serviços psicológicos. Temos observado que tais divulgações utilizam preponderantemente o preço como forma de propaganda, o que fere a alínea “d” do artigo 20 do Código de Ética do Psicólogo.


Entendemos que tal meio de divulgação baseia-se numa lógica de mercado, de venda de mercadorias, que estabelece os serviços psicológicos como meros produtos de consumo. Nesse sentido, a Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) do CRP-RJ considera que a ideia de psicologia produzida nesse tipo de publicidade desrespeita e distorce a disseminação do conhecimento a respeito das atribuições e do papel social da profissão.

A publicidade de serviços psicológicos deve levar em consideração condições que propiciem a qualidade do trabalho prestado. Um trabalho de qualidade em psicologia está para além de um conjunto de métodos e técnicas vendidas a terceiros por um preço previamente estipulado em relação a um determinado período de tratamento ou quantidade de sessões ofertadas. Entendemos que a relação psicólogo e cliente/paciente deve ser configurada no momento da interação entre os dois atores, e não na aquisição a priori de um serviço. A liberdade no estabelecimento dos valores das consultas e na quantidade de atendimentos necessários - a ser combinados entre psicólogo e cliente/paciente - não deve ser minimizada por um funcionamento mercantilista que não leva em consideração as especificidades presentes na prestação de serviços psicológicos.

O CRP do Rio de Janeiro observa que a alínea "d" do artigo 20 do Código de Ética Profissional é pouco clara, além de não contemplar uma discussão mais ampliada sobre o assunto "divulgação de preço dos serviços/consultas como forma de propaganda". A orientação da COF do CRP-RJ, portanto, é que os psicólogos não divulguem seus serviços em sites de compras coletivas, nem façam qualquer referência a valores ao anunciar seus serviços.

A COF do CRP-RJ baseou sua orientação no Código de Ética Profissional. Ressaltamos, assim, a importância de o psicólogo consultar com regularidade o seu Código de Ética, já que o mesmo foi construído como um instrumento de reflexão da relação psicólogo e sociedade e profissão e como um dispositivo de construção de cidadãos socialmente engajados em suas práticas cotidianas, capazes de analisar crítica e historicamente suas realidades política, econômica, social e cultural, para além de meros profissionais tecnicistas.

Lembramos que o Código de Ética Profissional pode ser obtido e baixado no link “legislação” no site do CRPRJ (www.crprj.org.br) e também no site do CFP (www.pol.org.br).

30 de Agosto de 2011



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Teste PMK não poderá ser mais usado em avaliação psicológica após veto do Conselho Federal de Psicologia


O Conselho Federal de Psicologia (CFP) em seu papel de autarquia responsável por orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de psicólogo no país, garantir a qualidade técnica dos serviços e produtos oferecidos pela categoria de psicólogos e mediar as relações da profissão com a sociedade, conforme prevê a Lei 5.766/71, vem a público esclarecer os motivos pelos quais o teste Psicodiagnóstico Miocinético – PMK está com parecer desfavorável para uso profissional por psicólogos.

Devido à necessidade de aprimoramento e melhoria na qualidade dos testes psicológicos, o CFP editou a Resolução CFP Nº 025/2001 e, posteriormente, a Resolução CFP Nº 002/2003, para regulamentar o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos, instituindo a análise desses instrumentos utilizados pelos profissionais da área.

Desde então, vários testes psicológicos foram avaliados pela Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica, por pareceristas de notório saber na área de Avaliação Psicológica que são convidados para analisarem e emitirem parecer sobre os testes encaminhados ao CFP, e pelo Plenário do CFP, conforme determina o artigo 8° da Resolução CFP n° 002/2003.