terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Comportamento Verbal - Instrução e regra.

Existe uma importante diferença entre os termos regra e instrução, embora ambos sejam considerados estimulos verbais. O termo Regra é usado para contingências generalizadas e instrução para Contingências especificas ( Castanhaira, 2001 ; Cerutti 1989 ).
Regras / instruções e auto regras podem participar do controle do comportamento verbal e nao verbal ja que sao adiquiridos por contingências ambientais. Pensando nas vantagens e desvantagens entre essas formas de mudança do comportamento do cliente, podemos dizer que entre as vantagens que a instrução oferece é que existe uma facilitação à aquisição de novos comportamentos, principalmente quando são contingências complexas.
Segundo Skinner ( 1969 ) a instrução é utilizada para complementar contingências ambientais com baixo grau de discriminação. O problema é que usada em excesso, pode provocar uma redução na sensibilidade comportamental. De qualquer forma, a terapia como agência de controle, pode determinar a extenção da variabilidade do responder sob controle da contingência em vigor.
A Regra passada por um locutor, é diferente da auto instrução que é um estimulo verbal gerado pelo proprio individuo. Pensando na Analise Aplicada do Comportamento em contexto clinico, é sabido que é comum que o cliente se comporte em relação ao terapeuta da mesma forma que se comporta no ambiente em relação as outras pessoas. O controle exercido pelo terapeuta com instruções ou mesmo exercidas pelas auto-instruções facilitam a aquisição do repertório comportamental, mas pode reduzir a sensibilidade as mudanças nas contingências ambientais.
O terapeuta pode se utilizar de modelagem consequênciada diferencialmente as verbalizações do cliente de modo a selecionar por aproximações sucessivas o objetivo final ou apresentar análises funcionais prontas interpretando o comportamento do cliente, alem é claro do uso das instruções.
Como a instrução facilita a aquisição de novos comportamentos, mas pode diminuir a sensibilidade a contingência, é interessante se utilizar de estratégias de modelagem simultaneamente para evitar ou minimizar o efeito negativo que pode acontecer. Quanto o terapeuta, clara e precisamente aponta as variaveis de controle do comportamento problema e sugere um comportamento alternativo, a aquisição do novo comportamento é rapido, portanto é bom o terapeuta promover variabilidade comportamental de modo que, no caso de mudanças ambientais ( muitas delas imprevisiveis ), o cliente dispusesse de alternativas para lidar com essas mesmas mudanças, já que a manutenção do controle verbal é mais provavel quando existe um hístorico de reforçamento de comportamento de seguir regras.
O terapeuta tambem pode treinar seu cliente para discriminar quais intruções e auto-instruções devem ser seguidas ou não, por meio de reforçamento diferencial, já que um dos principais objetivos de uma terapia é estabelecer correspondência entre o quê o cliente diz ao terapeuta e o quê de fato o cliente faz em seu ambiente natural.
O terapeuta, através do comportamento verbal pode estabelecer contingências apropriadas para a aquisição de uma maior correspondencia entre dizer-fazer, sendo que pode ser implementadas contingências e considerar que o controle por auto-instruções é mais provável quando o dizer do cliente é desenvolvido por meio de modelagem, em vez de ser adiquirido por meio de instruções.
O terapeuta tambem pode treinar o cliente a implementar o comportamento alvo gradualmente fora da sessão e com isso diminuir a probabilidade de punição.

bibliografia

Rodrigues, J, A ; Heck, E.T.S : Instruções e Auto Instruções - Contribuições da pesquisa Basica. Cap 10
Marcelo Souza
Psicologo

sábado, 13 de dezembro de 2008

Alternativas à Punição

O tema Punição dentro da Analíse do Comportamento e de outras ciências naturais são sempre muito discutidos, desde suas aplicações e efeitos colaterais. A punição como supressora imediata de uma determinada resposta realmente funciona, porem carrega efeitos colaterais que em determinados casos inviabilizam seu uso já que os colaterais se sobrepõe aos seus beneficios.
Em primeira instancia, quando falamos de punição é provavel que se sinta repulsa, pois a palavra nos leva a pensar em dor ou sofrimento, mas se ampliarmos o conceito, estamos apenas falando de um estimulo adicionado em uma relação com o ambiente que suprime a resposta alvo de ser emitida. Quando falamos em punição, estamos falando em supressão de resposta e consequêntemente a extinção dessa mesma resposta e não em dor ou sofrimento. É a probabilidade da emissão da resposta ser diminuida e posteriormente extinta. Da mesma forma que quando falamos de reforçamento positivo, não estamos falando em bem estar e sim de controlar consequências nas contingências afim de aumentar a probabilidade de emissão de uma determinada resposta.
Vale lembrar que punir uma resposta as vezes é o unico caminho a se seguir como nos casos de auto agressão severa. ou mesmo de procedimentos de aprendizagem como ensinar uma criança a atravessar a rua. Não podemos permitir a auto agressão pois o comportamento em questão leva a danos e a punição evita um mal maior assim como não podemos modelar o comportamento de atravessar a rua por aproximação sucessiva já que a chance da criança ser atropelada é enorme nesse caso. Os procedimentos de modelagem portanto não são eficientes sendo necessaria a supressão imediata da resposta.

Alguns psicologos são completamente contra o uso de punição, mas o problema não é o uso em sí. O maior problema é que para o uso de procedimentos de punição é necessario analisar a situação e entender que é o unico caminho possivel para se proteger o individuo ou a sociedade que o cerca. É o caso dos criminosos. É impensavel a criação de politicas onde não exista punição para crimes previstos pelo nosso código penal. Claro que a punição por sí só nao é eficiente, pois um dos colaterais da punição é que a resposta acaba sendo suprimida unicamente na presença do agente punidor, continuando a ser emitida na sua ausencia. Obviamente a extinção seguida de reforçamento diferencial ( DRO ou DRA ) são infinitamente mais eficientes. A questão maior é punir apenas a resposta sem dar alternativas mais "saudáveis" não levam a modificação do comportamento de forma duradoura. Prender criminosos os punindo suprime o ato criminoso, mas não existe a correção e substituição de comportamentos lesivos a sociedade. Punir apenas por punir não é um caminho inteligente.

Talvez um dos maiores problemas é que o humano tem uma tendência a usar punição indiscriminadamente, suprimir uma resposta indesejavel imediatamente é muito mais reforçador do que se utilizar de outras estratégias como a modelação e reforçamento diferencial que demoram mais tempo para fazerem efeito, mas que levam a mudanças mais duradouras.
Em nossa cultura parece que é mais prazeiroso ( e estimulado ) punir a educar.

Outro exemplo classico são as nossas escolas. Muitas são movidas a punição ou reforço negativo. Os alunos estudam ( quando estudam...) para evitar punição. O mecanismo de fuga/esquiva em alguns alunos chega a ser fantastico de tão criativo.
Enfim, acredito que a punição como supressora imediata de uma resposta deva ser utilizada com parcimonia dentro de casos bem especificos seguidos por DRO ou DRA.
Creio que os analistas comportamentais têm muito a desenvolver, necessitando tambem entender que a Técnologia Comportamental não esta restrita apenas a Psicologia Clinica ou no laboratório, mas também tem grande valia dentro das politicas e instituições carcerarias, instituições de ensino ou mesmo em organizações empresariais.

Marcelo C. Souza
Psicólogo