segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ciumes em uma visão Analitico Comportamental

Mas afinal, o que seria o ciúmes ?

Podemos dizer que o ciúmes aparece onde alguma situação serve como sinalizador que o reforço não vai ser apresentado. O parceiro interpreta um estimulo como sendo um aviso que vai perder o objeto reforçador e portanto emite todos os operantes para evitar a perda dos reforçadores ( geralmente respostas aversivas e agressivas modeladas por contingências na historia de vida da pessoa ) e respondentes pareados a processos de extinção que o organismo já sofreu anteriormente.

Diante dos estímulos sinalizadores que são descritas como responsáveis pelo ciúme, muitas vezes a pessoa acaba emitindo operantes como:

Fazer inúmeras perguntas a (o) parceira (o); proibir de sair; brigar; chorar; etc. Situações estas que, certamente são aversivas para o outro (a) parceiro (a). A fim de tentar amenizar a situação, este acaba, sem perceber, reforçando o comportamento dito “ciumento” ao dizer frases como: “eu te amo”,” você fica linda ciumenta”, “não precisa se preocupar, jamais te trocaria por ninguém”; ao enumerar as diversas qualidades do “ciumento”, ao oferecer presentes e/ou qualquer outras provas de amor; bem como atender as determinações do ciumento. Em médio prazo o(a) esposo(a) faz uma ligação entre o comportamento ciumento e reforçadores. Portanto as chances do comportamento ciumento ser mantido e aparecer mais vezes é muito maior. Nesse caso ensinamos que quanto mais a pessoa for ciumenta, maior é o cuidado e carinho ela recebe e portanto menor é a chance do(a) parceiro(a) o abandonar.

Por outro lado o (a) Esposo (a) pode se utilizar da mais pura fuga / esquiva e fingir que não esta ouvindo nada e ignorando todo o jogo agressivo e manhoso do ciumento, entrando em ação o processo de extinção. E é ai que a coisa aperta, já que por definição quando um organismo é colocado sob uma contingência de extinção a resposta vai sofrer um grande aumento, pois o organismo vai variar o comportamento buscando que o reforçador seja novamente apresentado. Se já existe uma história previa de que ser ciumento leva ao recebimento dos reforçadores a coisa piora mais ainda. Muitos casais acabam se separando ou tendo brigas intensas por esse motivo. Quando os terapeutas de casal dizem que a conversa entre os parceiros tem um grande papel nas reconciliações, eles não estão errados.

Tanto em uma situação ( reagir com carinho ou apatia ) vai elevar a freqüência das respostas de ciúmes. Tanto uma quanto a outra por reforçamento negativo, já que a intenção do parceiro não é prolongar a briga e nem recompensar o comportamento de ciúmes. A única intenção nesses momentos é fugir de uma situação aversiva. Mas esse procedimento acaba aliviando o parceiro rapidamente, mas aumenta a probabilidade de acontecer novamente. Aumenta progressivamente a pressão dentro do relacionamento, podendo chegar uma hora onde a briga é inevitável.

Mas e se virar briga, o que fazer?

A resposta é complicada. Se atender estará aumentando a freqüência das perguntas, proibições, brigas, choro, etc. Se não atender, corre o risco de ter que enfrentar uma briga ainda maior ou mesmo o fim do relacionamento. Antes de tudo, precisamos pensar em qual é a função do comportamento ciumento. O que esta por trás de todas as brigas, gritos e choros. A topografia da resposta é particularmente inútil para se entender o que se passa. Devemos ter em mente que o ciumento aprendeu a ser ciumento. Seja por reforçamento positivo, negativo ou por um ambiente coercitivo onde se tornar ciumento, briguento e desafiador foram as únicas formas de sobrevivência que o sujeito encontrou para se relacionar com o meio.

Um dos principais erros que acontecem quando falamos de extinção de comportamentos ciumentos é que o processo acaba nunca chegando ao fim. O que geralmente acaba acontecendo é que a extinção acaba se convertendo em um esquema de razão variável. O parceiro tenta extinguir o comportamento ciumento ignorando, mas acaba não resistindo e reforça intermitentemente, dando flores, levando pra jantar ou então tentando “colocar panos quentes a situação”.

Talvez antes de virar briga, o procedimento mais correto seria expor ao parceiro os motivos de descontentamento. Seja do ponto de vista do ciumento ou seja o ponto de vista do parceiro. É importante um falar e o outro escutar e juntos chegarem a um acordo sobre as situações que despertam ciúmes no parceiro.

E se a briga virar agressão física?

Quando se passa de brigas verbais para agressão física o relacionamento não tem mais chances de se tornar saudável ou reestruturado sem a ajuda de um Psicólogo qualificado. Seja em terapia de casal ou mesmo psicoterapia individual, tanto para agressor quanto para o agredido.

Sabemos que casais se completam, tanto em aspectos positivos quanto em negativos. É necessário entender a função do relacionamento e dos comportamentos de ciumes dentro da história de aprendizagem no casal. Quais foram seus modelos ? Como o casal aprendeu sobre o que é um relacionamento ? Os modelos foram saudaveis ?

Todas essas perguntas são importantes para se entender e ter um panorama de como o casal se formou. Todo comportamento possui uma função, inclusive o comportamento violento ou ciumento. É importante os terapeutas enfatizarem que a agressão é inaceitável e o agressor tem total responsabilidade sobre seus atos. Tanto pela violência quanto pelo fim dela. É necessária uma postura rígida do terapeuta, mas nunca moralista.

Um pouco de ciúmes dizem que apimenta o relacionamento e acredito ser saudável. Mas quando o ciúmes se torna patológico e apresenta agressões físicas, verbais e acaba virando uma relação difícil, sofrida ou perigosa pra um dos parceiros, é necessário urgentemente intervenção psicológica e/ou legal com advogados para que a segurança do parceiro agredido seja restabelecida.

Um comentário:

Unknown disse...

Excelente o texto. Esclarecedor.
Mas no meu caso, eu descobri coisas sobre minha "namorada". Um ex namorado que estava sempre ligando, e ela me falou que balançou por outra pessoa mas não passou de platonismo, tanto que esta pessoa até saiu da cidade. Eu tive crises de ciume, xinguei, usei termos baixos. Mas ela não parece querer terminar comigo, mas reclama que eu sou mto ciumento.