A
luz do Behaviorismo Radical podemos dizer que todos os fenômenos humanos podem
e devem ser entendidos como comportamentos, portanto, processos de ensino e
aprendizagem também devem ser vistos como uma série de comportamentos que
entrelaçados, geram uma conseqüência especifica que pode ser compreendida como
a modelagem de novos repertórios comportamentais pelo educador em direção ao
aluno que o absorve em forma de aprendizagem.
Dentro
da psicologia de forma geral, existem diversas teorias e formas de se entender
o processo de ensino e aprendizagem. Basicamente as explicações se devem mais a
epistemologia da escola psicológica que a quer definir do que a leis gerais e
amplas de entendimento aceitas por uma classe de profissionais, seja da
psicologia, seja da pedagogia.
Skinner define aprendizagem em seu artigo Are
the Theories of Learning Necessary? (1950) como uma mudança na probabilidade de uma resposta
especifica.
Diferentemente de algumas escolas da psicologia, Skinner não
apenas considera o aparelho biológico do estudante, mas também considera que
alem do aparato biológico (Variável Filogenética), existe um ambiente externo
ao organismo que em determinadas condições, sejam elas planejadas ou não,
ajudam ou atrapalham na instalação de novos repertórios e mudança nas taxas de
resposta emitidas ( Variável Ontogenética e Variável Cultural ).
Skinner então chamou a interação entre a variável filogenética,
ontogenética e cultural de Níveis de Seleção do Comportamento.
A noção de interação constante entre organismo e ambiente está
presente na obra de Skinner fazendo com que a sua teoria de aprendizagem se
torne essencialmente interacionista e não ambientalista, e derruba criticas que
apenas é baseada em eventos observáveis e com a noção de homem que apenas
responde passivamente a estímulos como erroneamente tem se pregado em clara
confusão entre a Teoria Behaviorista Metodológica de J. B. Watson (1878-1958)
e o Behaviorismo Radical de B. F. Skinner (1904-1990).
A abordagem
Skineriana como citado por HUBNER (pg 48) defende a escola como instituição facilitadora
do ensino, pois para existir comportamento é necessário uma interação entre
organismo e ambiente e dessa interação certos repertórios vão ser selecionados
pelas suas conseqüências.
Para que haja
uma maior eficiência na transmissão de repertórios comportamentais, a escola
pode fazer a modelagem dos mesmos sem que seja essencialmente necessária a
seleção por conseqüências, tornando o ensino mais rápido e efetivo.
O ensino é
importante do ponto de vista cultural, pois o educador passa o conhecimento que
já aprendeu e que foi passado de individuo para individuo historicamente de
alguém que em algum momento não foi ensinado, portanto não precisando mais
sofrer as limitações e dificuldades enfrentadas pelo primeiro organismo a ter
seu repertório selecionado.
O processo de
transmissão de conhecimento já não depende mais da tentativa e erro e da
seleção por conseqüências, potencializando, portanto a instalação de
repertórios comportamentais. Skinner diz que ensinar é o ato de facilitar a aprendizagem, no
sentido de que quem é ensinado aprende mais rapidamente do que quem não é
(1972, p. 4).
Segundo HÜBNER, (1998) as contingências predominantes nas
escolas, de acordo com a perspectiva comportamental (ou behaviorista) vêm
afastando o aluno da sala de aula, no sentido de punir muito mais do que
reforçar positivamente o que o aluno faz na direção do saber.
Essas contingências predominantes como nos diz
HUBNER (1998) se referem a praticas de punição com baixa freqüência de uso de
reforçadores positivos na pratica dos educadores. Tal uso indiscriminado de
punição causa como efeito colateral uma evasão escolar cada vez mais alta com
notável aversão ao ambiente escolar com alunos se utilizando de frases como “aprender é pouco legal, as aulas são
chatas, os colegas não gostam de aprender etc...” como apontam CALDAS, 2000
e HÜBNER, 1998.
A Análise do
Comportamento apoiada pela sua filosofia da ciência conhecida como behaviorismo
Radical tem em seu corpo de conhecimento estratégias de ensino poderosas que
podem de fato contribuir com o processo de aprendizagem.
Um dos maiores
expoentes da psicologia da aprendizagem, Fred Keller propõe um ensino
individualizado defendendo com isso que problemas comumente vistos dentro das
escolas como a coerção e a punição sejam minimizados ou mesmo sanados.
No contexto
educacional, o controle aversivo pode desencadear tentativas de buscar alivio
ou escapar desses estímulos que causam sofrimento (Skinner, 1990; Sidman, 1995;
Oliveira, 1998). O contra controle aparece na tentativa de evitar e eliminar a
estimulação aversiva e o comportamento de não aprender aparece, seja por
fuga-esquiva, seja por agressão direta ao professor.
Para Skinner o
professor é o responsável pelo ensino de repertórios comportamentais de forma
mais rápida, eficiente e que se não for por modelagem direta, de certo não
seriam aprendidos de outra forma. Segundo a abordagem comportamental o método
mais eficiente de ensino é simplesmente arranjar contingências de reforço para
o comportamento de aprender. Segundo os defensores dessa abordagem, o que falta
nas escolas é o reforço positivo.
Criando-se
condições mais favoráveis de ensino baseadas em reforço positivo e não em
coerção, a tendência é que o processo de aprendizagem se torne mais efetivo por
parte do aluno e mais prazeroso do ponto de vista do educador criando então um
ambiente propicio para o processo ensino-aprendizagem adequado.
Segundo Skinner
( citado por Milhollan & Forisha; 1972) o papel principal da escola seria
de acelerar o processo de transmissão de conhecimento modelando grande
quantidade de respostas colocando o comportamento de aprender sobre numerosos
controles de estímulos.
O educador
baseado em uma estratégia comportamental tem a sua disposição ferramentas
importantes capazes de aumentar a probabilidade do comportamento de aprender
arranjando contingências adequadas ao ensino.
A análise do
comportamento tem estabelecido leis gerais do comportamento que podem ser
utilizadas a favor do educador como os procedimentos de reforçamento, os
estudos sobre controle coercitivo, procedimento e efeitos colaterais da
punição, controle de estímulos, equivalência, análise de contingências entre
outros procedimentos facilitadores do processo de ensino-aprendizagem.
Alguns
educadores têm como forma de ensinar um método de passar conhecimento e esperam
que com isso os alunos o absorvam sem considerar que cada organismo é diferente
e portanto precisa de ritmos, espaços, estratégias e tempos diferentes para
aprender. Tal método que basicamente força o individuo a decorar aquilo que lhe
é passado não é uma estratégia de ensino inteligente já que não é baseada em
reforçamento positivo e sim em controle aversivo.
E como nos diz
SIDMAN (1995), a coerção gera estados de contra controle e de fuga esquiva alem
de estimular respostas alternativas as esperadas.
Skinner brilhantemente fecha
a questão de forçar o estudante a aprender por métodos coercitivos quando diz: “Você não pode impor felicidade. Você em
ultima instancia, não pode impor coisa alguma. Nós não usamos a força! Tudo que
precisamos é de uma engenharia comportamental adequada. (Skinner, 1948,
p149)”
Referencias:
- HÜBNER, M. M. C. . O Skinner que poucos
conhecem: contribuições do autor para um mundo melhor, com ênfase na
relação professor- aluno. Momento do Professor (UAM. Impresso), São Paulo,
v. 2, n. 4, p. 44-49, 2005.
2.
Skinner,
Burrhus Frederic - Ciência e Comportamento Humano - 11° Edição 2003
- HÜBNER, M. M.
C. Analisando a relação professor-aluno: do planejamento à sala de aula.
2. ed. São Paulo: CLR-Balieiros, 1998.
- Sidman, M. (1995). Coerção e suas implicações. Campinas, SP: Editorial Psy.
5. CALDAS, R. F.; HÜBNER, M. M. C. O desencantamento com o aprender na escola: o que dizem alunos e professores. Psicologia: teoria e prática, 2000.
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