quarta-feira, 1 de junho de 2011

O que é a contingência ?

Alguns leitores tem me mandado emails pedindo que eu escrevesse um texto sobre um dos conceitos mais básicos da analise do comportamento, no caso, o conceito de contingência e o porque desse conceito ser tão importante dentro do Behaviorismo Radical.

Bom, primeiramente, podemos dizer que a Analise do comportamento, por sempre estar procurando as relações funcionais entre eventos, precisa de uma ferramenta adequada para estabelecer e explicar essas relações. Uma das melhores ferramentas que possuímos é a Analise Funcional que é feita através da tríplice contingência ou simplesmente contingência.


De acordo com Catania (1999, pg 94 ), a contingência é o efeito da resposta sobre a probabilidade de um estimulo. Mas o que isso significa?

Bom, quando falamos em tríplice contingência, estamos falando em uma relação de interdependência entre estímulos e essa interdependência altera a probabilidade de emissão de uma classe de resposta no futuro.
A contingência é a forma de representar como determinados comportamentos surgiram e se mantêm. É a formula que a analise do comportamento se utiliza para estudar e entender como certos comportamentos foram formados e como eles se mantêm atualmente.

Antes de qualquer coisa é preciso diferenciar respostas ( R ) de comportamento ( Sd – R – Sr+ ).

Resposta pode ser definida como tudo que é eliciado por um estimulo antecedente ( que pode ser contextual, discriminativo, evocativo etc... ) e produz uma conseqüência ( reforço positivo, negativo, punição positiva ou negativa ).

Comportamento é a relação entre estímulos antecedentes e conseqüentes a uma resposta.

Segundo Souza (2001, p.85), “o enunciado de uma contingência é feito em forma de afirmações do tipo se…, então “ ou seja, podemos dizer como exemplo, se eu fizer X então vai acontecer Y.

No desenho abaixo podemos ver claramente um evento contingêncial : 






O desenho é algo bem comum para a maioria das mulheres, mas será que é culpa do homem que tal comportamento foi formado e mantido ?



Algumas operações acontecem quando uma resposta é emitida. Vamos analisar o caso do desenho.


O contexto do desenho parece ser de uma discussão entre um marido e sua esposa. A impressão é que a esposa está dando uma bela bronca, pois o marido joga as suas cuecas sujas no chão e em qualquer lugar da casa.



O homem fez uma pergunta muito pertinente, se as cuecas dele ao serem jogadas no chão aparecem limpas na gaveta, qual é o motivo para que ele jogue no cesto ?



Veja que a resposta de jogar a cueca em qualquer lugar foi reforçada positivamente pela esposa, pois a mesma a pegava, lavava e ainda guardava na gaveta. Uma relação de contingencia reforçadora foi criada fortalecendo a resposta de jogar a cueca no chão.



Graficamente, podemos colocar a contingência como:


Esses sinais apenas significam que dado um estimulo discriminativo, uma resposta ocorreu e essa resposta gerou uma conseqüência reforçadora. Essa conseqüência reforçadora ( Sr+ ) retroage na resposta de forma que a probabilidade de emissão de uma nova resposta parecida com ela seja muito maior. Para toda essa relação se da o nome de contingência.

Vamos colocar esse conceito no desenho. O estimulo antecedente ou o contexto onde a resposta ocorre poderia ser, por exemplo, à hora do banho. Com esse contexto especifico o marido tira a cueca e joga no chão, e logo em seguida a mulher vem, pega a cueca suja, lava e ainda coloca na gaveta.


 Ao fazer isso, a mulher está dizendo ao marido, se você jogar a cueca suja no chão, ela vai aparecer limpa na sua gaveta.

No caso vamos pensar assim, se eu jogo a cueca suja no chão então eu a tenho limpa na gaveta.
O que a mulher fez, foi criar uma contingencia reforçadora positiva para que o marido jogue a cueca no chão. Veja, qual é o motivo que vai fazer o homem jogar no cesto sendo que jogar no chão tem uma conseqüência reforçadora conhecida?

A esposa provavelmente descreva o marido como porco ou que ele é muito folgado e outros adjetivos não tão amigáveis, porem o que acontece é que o marido aprendeu a ser assim sendo modelado pela contingencia que a própria esposa criou.

Dessa forma, sinto muito caras mulheres, mas vocês é que foram culpadas do maridão jogar cuecas sujas no chão. O comportamento que a esposa quer eliminar foi criado e está sendo mantido por ela.

A contingência não é apenas o evento reforçador, mas todo o sistema que mostra como / porque uma resposta foi dada, como se formou repertórios comportamentais e como tais repertórios se mantém no presente.

Espero que tenha ficado bem claro o conceito de contingência e as razões de utilizar esse conceito.

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom mesmo... fiquei sem palavras, depois de ler 80 paginas de Compreender o behaviorismo, pensei que não conseguiria concretizar o conhecimento...até ler seu texto, muito bom exemplificação. Muito obrigado!!!

Marcelo C. Souza disse...

Boa noite Anonimo.

Muito bom o seu feedback.
Fiquei feliz que tenha gostado do meu texto e que ele tenha conseguido ajudar na difícil assimilação da análise do comportamento.

Fique a vontade para voltar mais vezes ou dar sugestão de novos temas para novos textos.

Um grande abraço

Gabriel disse...

Muito bom o texto... exemplo simples, engraçado e realista!!! Parabens!!!

Rodrigo Corrêa disse...

Muito Bom me ajudou bastante... Simples e objetivo.

Rodrigo Corrêa disse...

Muito bom o texto, me ajudou bastante, simples e objetivo. Obrigado